A defumação
é uma prática ancestral entre os nativos americanos. Da América do Norte à do
Sul, vamos encontrar nestas culturas, diferentes maneiras de fazer uma
defumação, além de diferentes misturas de ervas. O objetivo é a limpeza energética
do indivíduo, bem como locais, espaços rituais e objetos, além da utilização da
fumaça como veículo para as orações e conexão com o Grande Espírito. A
defumação é parte importante de várias práticas da medicina tradicional, e o
aroma e a fumaça das ervas também conduzem o indivíduo a um outro estado de
consciência, de relaxamento e sensação de bem-estar físico, emocional e
espiritual, proporcionando, então, um estado apropriado para o processo de
cura. A fumaça das ervas proporciona a limpeza do campo áurico, desbloqueando
energias "presas" e intrusas. Porém há técnicas específicas para uma
correta defumação.
As ervas
mais utilizadas pelos nativos norte-americanos são a sálvia branca, a
"erva-doce americana"(sweetgrass), o cedro, e o tabaco. O tabaco é de
extrema importância em várias culturas das Américas, sendo a planta que faz
conexão direta com o espírito criador. Em várias práticas vamos encontrar a
utilização do tabaco, como exemplo, as cerimônias de pipa sagrada, para fazer
orações e reverenciar o Grande Espírito, que são as cerimônias de Chanupa dos
nativos norte-americanos, ou entre os Guarani que o fumam no seu petyguá. Nos
Andes, mistura-se o tabaco a perfumes e essências, e o indivíduo cheira esta
mistura para purificar seu interior e descarregar as energias densas. Na
América Central, utiliza-se também a resina de copal.
As ervas
queimadas emitem uma poderosa vibração de cura. A sálvia é um grande agente
purificador, e vamos encontrar diversos tipos de sálvia, desde a sálvia de
cozinha até a sálvia branca. A sweetgrass é de um aroma adocicado, e é
considerada os "cabelos da mãe terra", tanto que é preservada na
forma de uma trança, representando o corpo, a mente e o espírito. A sweetgrass
é utilizada para que tenhamos Beleza em nossas vidas, e também para invocar os
espíritos guardiões e aliados. O cedro, a árvore da vida, proporciona limpeza e
equilíbrio entre as energias masculinas e femininas.
Para fazer
uma cerimônia de defumação, ou "smudging"(Smudging Ceremony), é
necessário uma pena, ou um leque de penas, ervas, e uma concha (de abalone ou
comum), ou um recipiente próprio para isso. Temos, então todos os elementos,
sendo a concha o elemento água, as ervas o elemento terra, a pena representando
o ar, o fogo que queima a erva, e a fumaça o nosso espírito em conexão com o
Criador.
DEFUMAÇÃO
A defumação
é uma arte que conta muito com a intuição de cada pessoa, buscando atender aos
seus propósitos. Porém, algumas dicas são interessantes de observar.
Coloque as
ervas de sua escolha no recipiente e queime-as. Com a pena na mão, segurando-a
na horizontal, faça movimentos lentos para que a fumaça torne-se mais intensa.
Para reverenciar a medicina que está sendo utilizada, muitas pessoas trazem a
fumaça para si, fazendo um movimento como se pegassem a fumaça e trouxessem até
o topo da cabeça, alisando os cabelos da frente para trás e, depois, pegando a
fumaça novamente e trazendo-a até o coração. Isto é um gesto que significa que
estamos fazendo uma conexão com o Grande Espírito e trabalhando com o coração.
Com a pena e o recipiente na mão, puxe a fumaça sempre para o coração, em
movimentos circulares, de baixo para cima. Não faça o movimento contrário, de
sua direção para o recipiente, para não impregná-lo de energia densa que está
sendo limpa. Para defumar outra pessoa, inicie pela frente, de baixo para cima,
começando pelo lado esquerdo, suba até o coração, a cabeça e desça novamente
pela perna direita. Repita o mesmo atrás da pessoa. Para defumar objetos, basta
passá-los na fumaça das ervas. Em ambientes, defume os quatro cantos,
utilizando o recipiente e a pena, abanando as ervas. A pena, por conter
filamentos que correspondem aos filamentos energéticos de nossa aura, pode ser
passada no corpo, nos objetos e ambientes para limpeza e consagração, através
de movimentos lentos e suaves, ou então utilizando-a como uma
"espada" que corta o ar e limpa energias intrusas.
Ervas
sagradas
Os nativos
de toda a América têm um legado ancestral no uso da antiga sabedoria da Mãe
Natureza através das ervas, plantas, resinas e outras misturas. São empregadas
em várias cerimônias, na defumação, na toma, em emplastros, com o objetivo de
proporcionar cura de doenças em vários níveis, bem-estar, equilíbrio,
sabedoria, limpeza, purificação, e contato com nosso interior e espíritos
guardiões.
Atenção:
nunca utilize ervas sem consultar as contraindicações e usos adequados.
Sálvia
Branca[sálvia
branca, salvia apiana, white sage]
Com formas
variadas de uso, pode ser queimada juntamente com o tabaco na pipa sagrada, ou
em uma concha ou recipiente próprio, como incenso e defumação. É utilizada para
purificar locais sagrados e em várias cerimônias indígenas, como a tenda de
suor, rodas de tambores, rodas de cura, por exemplo. Na forma de chá, purifica
o organismo. É utilizada para a proteção, o equilíbrio e a purificação do
corpo, mente e espírito, para afastar energias intrusas e maus espíritos, assim
como para adquirir força, discernimento e sabedoria. Os nativos
norte-americanos a chamam de Shkodawabuk. É a única medicina cujo uso é
permitido quando as mulheres estão em seu tempo de lua(menstruação). Por ser
abortiva, não é aconselhável às mulheres em gestação. É uma medicina que, assim
como o cedro, está associada ao feminino.
Erva-doce
americana[Sweetgrass,
Hierochloe odorata]
Entre os
nativos é conhecida também pelo nome de Wiingashk ou Weengush. Representa os
cabelos da Mãe Terra, por isso muitas vezes são encontradas na forma de uma
trança (cada parte da trança representa o corpo, a mente e o espírito,
respectivamente). Seu aroma é doce e sua fumaça é utilizada para limpeza e
purificação. Na forma de chá, é calmante e relaxante.
Cedro[Juniperus
monosperma, Juniperus virginiana(Red Cedar)]
Em algumas
culturas nativas, o cedro é considerado a "árvore da vida", pois sua
queima reúne os quatro elementos: terra, fogo, água e ar. A fumaça do cedro nos
lembra de que as pessoas, os animais e as plantas são todos Parentes, são todos
o mesmo tipo de ser, interligados, comunicando-se em uma linguagem que pode ser
relembrada pela memória de nossas células. É conhecido pelos nativos
norte-americanos também pelos nomes: Keezhik, Gad(navajo), giizhag
(Ojibwe/Chippewa), Miskwawak. Os tipos mais usados são o Red Cedar(cedro
vermelho) e o White Cedar(cedro branco também conhecido por junípero). Serve
para purificar e afastar energias intrusas, bem como para atrair boas
influências. Para os Cherokees, é uma planta protetora, pois sua árvore possui
espíritos guardiães. Muitos carregam cedro em suas sacolas de medicina e cura,
para afastar maus espíritos. Na tenda do suor, é utilizado para a purificá-la,
bem como é utilizada nas defumações.
Tabaco[Nicotiana tabacum]
Planta
mestra, utilizada com fins rituais e curativos pelos nativos das Américas.
Conhecida também pelo
nome de
Samah, Semma, Kinikinik, ou salgueiro vermelho. Os nativos a fumam em uma pipa
sagrada, mascam ou utilizam suas folhas para cura de feridas e outros fins.
Regula a energia, purgativo, enxaqueca, repelente. Para proteção e para conexão
com o Grande Espírito. O contato com o espírito mestre desta planta nos trás
sabedoria e nos ensina a cura. É também utilizado como oferenda. Atenção, a
fumaça do tabaco nunca é tragada.
Lavanda[Lavandula
vera ou officinalis, e outras espécies]
Indicada
para dores, depressão, insônia, paz e calma interior. Para purificar locais e
pessoas, seu propósito é a clareza e a cura. Os nativos americanos acreditam
que esta erva tem o poder de despertar a beleza e o equilíbrio.
Copal[copalli,
pom, Petium copal, Bursera bipinnata, Bursera excelsa, Bursera tomentosa, Pinus
pseudostrobus, etc.]
Resina
obtida de diversos tipos de pinheiros, é considerada o "alimento dos
deuses" e "alimento da alma" pelos astecas e maias e, entre seus
vários usos, sua fumaça também era utilizada para entrar em transe ou estados
alterados de consciência. Os astecas a chamavam de copalli, no idioma nahuatl,
e os maias chamavam pom ao incenso de copal. Sua fumaça é utilizada para
purificação, proteção contra maus espíritos e doenças, para abrir o coração,
para a vidência, comunicação com os deuses e honrar os ancestrais. Os
ancestrais também a utilizavam para consagrar alimentos, curar disenterias,
afastar insetos, e como cola.
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