quinta-feira, 29 de março de 2012

O MISTÉRIO DO ORIXA ANCESTRAL





Nós sabemos que orixá ancestral não é o mesmo que orixá de frente ou ajuntó. O orixá ancestral está ligado à nossa ancestralidade e é aquele que nos recepcionou assim que, gerados por Deus, fomos atraídos pelo seu magnetismo divino.

Todos somos gerados por Deus e somos fatorados por uma de suas divindades, que nos magnetiza em sua onda fatoradora e nos distingue com sua qualidade divina.

Uns são distinguidos com a qualidade congregadora e são fatorados pelo Trono da Fé. E, se for homem é o orixá Oxalá que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se for mulher, aí é a orixá Oiá que assume sua ancestralidade.

Uns são distinguidos com a qualidade agregadora e são fatorados pelo Trono do Amor. E, se for é o orixá Oxumaré que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Oxum que assume suas ancestralidade.

Uns são distinguidos com a qualidade expansora e são fatorados pelo Trono do Conhecimento. E, se for homem é o orixá Oxossi que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se for mulher, é a orixá Obá que assume suas ancestralidades.

Uns são distinguidos com a qualidade equilibradora e são fatorados pelo Trono da Razão. E, se for homem é o orixá Xangô que assume as sua ancestralidades. Mas, se forem mulher, aí é a orixá Egunitá que assume suas ancestralidade.

Uns são distinguidos com a qualidade ordenadora e são fatorados pelo Trono da Lei. E, se for homem é o orixá Ogum que assume suas ancestralidades. Mas, se for mulher, aí é a orixá Iansã que assume sua ancestralidade.

Uns são distinguidos com a qualidade evolutiva (transmutadora) e são fatorados pelo Trono da Evolução. E, se for homem é o orixá Obaluaiyê que assume sua ancestralidade. Mas, se for mulher, aí é a orixá Nanã que assume sua ancestralidade.

Uns são distinguidos com a qualidade geradora e são fatorados pelo Trono da Geração. E, se for homem é o orixá Omulu que assume sua ancestralidade. Mas, se for mulher, é a orixá Iemanjá que assume sua ancestralidade.

Observe que não estou falando do espírito que “encarnou” no plano material, e sim, ao ser que acabou de ser gerado por Deus e foi atraído pelo magnetismo de uma de suas divindades, que, por serem unigênitas (únicas geradas) transmitem naturalmente a qualidade que são em si mesma aos seus “herdeiros”, aos quais imantam com seus magnetismo divinos e dão aos seres uma ancestralidade, imutável pois é divina e jamais ela deixará de guiá-los porque a natureza íntima de cada um será formada na qualidade que o distinguiu, fatorando-o.

Alguém pode reencarnar mil vezes, e sob as mais diversas irradiações, que nunca mudará sua natureza íntima. Agora, a cada encarnação ele será regido por um orixá de frente (o que o guiará enquanto viver na carne) e será equilibrado por outro orixá que será o auxiliar (o ajuntó) desse orixá de frente ou da “cabeça”. Usamos o termo “orixá da cabeça” porque ele regerá a encarnação do ser e o influenciará o tempo todo pois está de “frente” para ele. Sim, o orixá da cabeça está á nossa frente nos atraindo mentalmente para seu campo de ação e para o seu mistério, ao qual absorveremos e desenvolveremos algumas faculdades regidas por ele. Já o orixá ajuntó, este é um equilibrador do ser e atuará através do seu emocional, hora estimulando-o e hora apassivando-o pois só assim o ser não se descaracterizará e se tornará irreconhecível dentro do seu grupo familiar ou tronco hereditário, regido pelo seu orixá ancestral.
A dúvida dos “médiuns” e dos umbandistas se explica pela precariedade dos métodos divinatórios usados para identificar o orixá da cabeça e seu ajuntó. Daí, vemos pessoas reclamarem que a cada Babalorixá ou Ialorixá que consultaram,  cada um deu um orixá diferente a cada consulta, criando uma confusão e levando ao descrédito. Esta queixa é muito comum e não são poucos os médiuns que estão confusos porque uma consulta diz que é filho desse orixá e outra consulta diz que é filho de outro orixá.
 Nós dizemos isto: na ancestralidade, todo ser macho é filho de um orixá masculino e todo ser fêmea é filha de um orixá feminino.
 Na ancestralidade, orixá masculino só fatora seres machos e os magnetiza com sua qualidade, fatorando-os de forma tão marcante que o orixá feminino que o secunda na fatoração só participa como apassivadora de sua natureza masculina. E o inverso acontece com os seres fêmeas, onde o orixá masculino só participa como apassivador dessa sua natureza feminina.
 Portanto, no universo da ancestralidade dos seres machos, têm sete orixás masculinos e na dos seres fêmeas, têm sete orixás femininos.
 Têm sete naturezas masculinas e sete naturezas femininas, tão marcantes que é impossível ao bom observador não vê-las nas pessoas.
 Saibam que, mesmo que o orixá da cabeça ou de frente seja, digamos, a orixá Iansã, ainda assim, por tráz dessa regência poderemos identificar a ancestralidade se observarem bem o olhar, as feições, os traços, os gestos a postura, etc., pois estes sinais são oriundos da natureza íntima do ser, apassivada pela regência da encarnação, mas não anulada por ela.
 E o mesmo se aplica ao orixá adjunto, pois podemos identificá-lo nos gestos e nas iniciativas das pessoas, já que é através do emocional que ele atua.
 Outra forma de identificação é através do Guia de frente e do Exu Guardião dos Médiuns. Mas esta identificação exige um profundo conhecimento do simbolismo dos nomes usados por eles para se identificarem.
 E também, nem sempre o Guia de frente ou o Exu guardião se mostram, pois preferem deixar isto para o Guia e o Exu de trabalho.
Saber interpretar corretamente o simbolismo é fundamental.
Então, que todos entendam isto:
. Orixá ancestral é aquele que magnetizou o ser assim que ele foi gerado por Deus, e o distinguiu com sua qualidade original e natureza íntima, imutáveis e eternas.
. Orixá de frente é aquele que rege a atual encarnação do ser e o conduz numa direção na qual o ser absorverá sua qualidade e a incorporará às suas faculdades, abrindo-lhes novos campos de atuação e crescimento interno.
. Orixá ajuntó é aquele que forma par com o orixá de frente, apassivando ou estimulando o ser, sempre visando seu equilíbrio íntimo e crescimento interno permanente.
 Por isso, também, é que muitos encontram em si qualidades de vários orixás. A cada encarnação há a troca de regência da encarnação. E, nessa troca, os seres vão evoluindo e desenvolvendo faculdades relativas a todos os orixás.
Afinal, se somos “humanos”, absorvemos energias e irradiações, magnetismo e vibrações de todos eles.

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